sexta-feira, 20 de julho de 2012

Faculdade de Direito apóia talentos da literatura


Se você gosta de escrever ou então de ler um bom texto, agora você tem um novo espaço para isso. O Núcleo de Extensão e Pesquisa da Faculdade de Direito de Conselheiro Lafaiete abriu as portas para quem quiser publicar seus trabalhos. Os textos enviados são publicados no blog do NEP: http://nepfdcl.blogspot.com.br/. No “Talentos FDCL”, professores, alunos, ex-alunos e comunidade em geral poderão divulgar crônicas, poesias, contos e artigos não científicos. Para participar, envie seu texto para o e-mail nepfdcl@gmail.com.

O primeiro a contribuir com o “Talentos FDCL” foi o professor Tarcísio Henriques Filho. Tarcísio é procurador da república em Belo Horizonte, mas gosta de ser lembrado também por suas belas crônicas. Em seu texto, ele conta um episódio em que uma confusão com uma notícia dada na rádio causou grande repercussão em uma cidade próxima ao estado da Bahia. Acompanhe o trabalho do jurista.

A “invasão” de Jordânia

Numa época não muito distante, todas as notícias eram dadas pelas rádios e o país inteiro só se mantinha informado por eles. No interior do país, então, a dependência era ainda maior. O que vou contar aqui é um fato verídico e vocês podem confirmar através de uma simples pesquisa nos sites de buscas da internet ou conferir com alguns dos habitantes de Jordânia, uma pequena cidade no vale do Jequitinhonha, quase na Bahia.

Nos conturbados anos 60, precisamente em 1967, durante o conflito armado no Oriente Médio, e ampliando as áreas de combate, o Estado de Israel resolveu invadir a Jordânia. Vejam vocês, naquela ocasião, o rádio transmitiu a notícia anunciando mais ou menos o seguinte: “Israel vai invadir a Jordânia com 1600 homens e 16 tanques blindados”. A notícia correu pelo país, mas só teve repercussão em Jordânia.

O Prefeito de Jordânia naquela ocasião, Valdívio Pereira de Sousa, conhecido como Valdivinho, era adversário político do então governador do estado, Israel Pinheiro, imaginou que o problema era com ele e resolveu se preparar para a “invasão”. A cidade toda ficou dividida e uma parte significativa dos moradores, armados, foram alojados em barricadas na entrada da cidade aguardando a chegada das “tropas” de Israel, no caso, permitam-me, do governador Israel Pinheiro.

Até hoje o caso é motivo de divergência entre os historiadores. Vejam, por exemplo, o que conta o Tadeu Martins, em versos “clássicos”, o que aconteceu: “No noticiário matinal da Rádio Guarani, o repórter anunciou essa manchete aqui: ‘EXÉRCITO DE ISRAEL FOI PARA JORDÂNIA PRONTO PRA INVADIR’”. O prefeito quase desmaia quando ouviu aquela notícia, chamou o seu secretário e ordenou com malícia: ‘Avisa pro Delegado pôr de prontidão a polícia’. Mandou a família pra roça, foi pro correio telegrafar pro deputado majoritário mandar homens lhe ajudar, pois dr. Israel Pinheiro vinha pronto pra brigar e explicou ao telegrafista, que ouvia tudo a sorrir, ‘dr. Israel Pinheiro não gostou de ter perdido a eleição aqui e agora que tomou posse mandou o exército invadir’ ”.

Só com o passar do tempo o caso ficou esclarecido. O que sei é que durante muito tempo a população ficou apreensiva, esperando a chegada das “tropas”. O que pouca gente sabe é que o sr. Lauro dos Anjos, antigo morador do povoado, por vias das dúvidas, fez com que o seu filho Antônio dos Anjos, então menino, fosse incorporado às tropas da cidade.

Conheço uma foto, antiga, em que o menino, armado de estilingue, está de pé numa das barricadas instaladas na entrada da cidade, esperando as “tropas” do governador chegar. Já naquele tempo, ainda de fraldas, o valente demonstrava sua conhecida coragem. Ficou conhecido a partir de então como “Cabra Macho” de Jordânia. O município deve muito a ele.


(Dedico esta história a Sra. Telma Campos dos Anjos, irmã do personagem principal)


 

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